São poucos os registros encontrados que tratam da produção cultural mais tradicional dos Terêna, mas o que se sabe é que esta cumpria as necessidades relacionadas ao cotidiano, aos rituais, aos cerimoniais e a decoração diversa(5). Com o processo de aculturação intenso a que foram submetidos, o criar e fazer absorveram novos valores, significados e sentidos através do tempo, alterando-se de acordo com os espaços que cada grupo instituiu como lugar e com as relações estabelecidas com grupos humanos diferentes.
A dualidade provocada pela motivação da produção cultural tradicional e da assimilada, traz ao grupo um conflito identitário, a principio criou-se um distanciamento do tradicional, provocando uma ausência de sentido dos seus fazeres culturais, posteriormente com a necessidade de geração de renda e de auto afirmação, a produção cultural adquiriu novas perspectivas. A Dança da Chuva praticada pelos Terêna de Ekeruá na atualidade se torna um bom exemplo, pois seu objetivo é exclusivamente estabelecer uma comunicação direta com o público por meio do espetáculo. A comunicação com o divino, em que seus antepassados praticavam por meio dessa dança deixou de existir. Para pedir que a chuva chegue, e proporcione fartura na roça, foram incorporadas novas formas de comunicação com o divino, agora proporcionadas pelo cristianismo.
A necessidade do desenvolvimento de técnicas para manutenção da vida, diante do meio, fez com que os indígenas desenvolvessem utensílios, adornos e ferramentas, com objetivos muito bem definidos, hoje estes mesmos objetos, são classificados como artesanato com características utilitárias ou de adorno. Já as danças, jogos e os mitos estão relacionados as relações coletivas e com o divino, que simbolicamente dão novo sentido à vida.
Para os Indígenas, a vida para ser mantida e ter sentido exige determinada relação com o divino, requer o exercício de reconhecer e estabelecer uma relação próxima, instituindo um sistema de comunicação por meio de diferentes símbolos e códigos, que se diferenciam de acordo com as características de cada etnia e com o seu processo histórico. Esta relação de presença intensa do divino na produção cultural os aproxima e os faz sentirem aceitos e protegidos pelas divindades no mundo concreto para que possam seguir o caminhar evolutivo
É pela perspectiva de produção cultural que se pode verificar que este grupo Terêna adquire formas de reconstrução permanente de sua identidade. Ferreira (2008) afirma que o processo de colonização e controle psicológico visa exterminar a identidade originária e substituí-la por outra, com os mesmos significados do dominador. Assim a produção cultural, como o artesanato, a língua e as manifestações cênicas são os signos que congregam os aldeiados, que os remete aos significados de suas origens e proporcionam à possibilidade de construção de projetos de resistência coletiva a subjugação e da imposição assimilativa de uma identidade exógena.
“Na construção da identidade cultural (nacional), cristaliza-se a capacidade de um povo de determinar seu próprio destino, seu porvir individual, de classe ou nação. Nisso consiste a identidade. A identidade de um sujeito individual ou coletivo é o compasso, a bússola que o orienta através da história. É por isso que qualquer projeto de dominação utiliza-se do controle psicológico do submetido. A destruição da identidade é o primeiro passo em qualquer tentativa de dominação: a colonização da personalidade.” (FERREIRA, 2008 P. 59)
(5) FERREIRA, Maria Nazareth. Globalização e identidade cultural na América Latina. 2. ed. São Paulo: Centro de Estudos Latino-americano sobre Cultura e Comunicação, 2008
Foto 1: Cacique Jasone de Camilo. Ekeruá, abril de 2009
A dualidade provocada pela motivação da produção cultural tradicional e da assimilada, traz ao grupo um conflito identitário, a principio criou-se um distanciamento do tradicional, provocando uma ausência de sentido dos seus fazeres culturais, posteriormente com a necessidade de geração de renda e de auto afirmação, a produção cultural adquiriu novas perspectivas. A Dança da Chuva praticada pelos Terêna de Ekeruá na atualidade se torna um bom exemplo, pois seu objetivo é exclusivamente estabelecer uma comunicação direta com o público por meio do espetáculo. A comunicação com o divino, em que seus antepassados praticavam por meio dessa dança deixou de existir. Para pedir que a chuva chegue, e proporcione fartura na roça, foram incorporadas novas formas de comunicação com o divino, agora proporcionadas pelo cristianismo.
A necessidade do desenvolvimento de técnicas para manutenção da vida, diante do meio, fez com que os indígenas desenvolvessem utensílios, adornos e ferramentas, com objetivos muito bem definidos, hoje estes mesmos objetos, são classificados como artesanato com características utilitárias ou de adorno. Já as danças, jogos e os mitos estão relacionados as relações coletivas e com o divino, que simbolicamente dão novo sentido à vida.
Para os Indígenas, a vida para ser mantida e ter sentido exige determinada relação com o divino, requer o exercício de reconhecer e estabelecer uma relação próxima, instituindo um sistema de comunicação por meio de diferentes símbolos e códigos, que se diferenciam de acordo com as características de cada etnia e com o seu processo histórico. Esta relação de presença intensa do divino na produção cultural os aproxima e os faz sentirem aceitos e protegidos pelas divindades no mundo concreto para que possam seguir o caminhar evolutivo
É pela perspectiva de produção cultural que se pode verificar que este grupo Terêna adquire formas de reconstrução permanente de sua identidade. Ferreira (2008) afirma que o processo de colonização e controle psicológico visa exterminar a identidade originária e substituí-la por outra, com os mesmos significados do dominador. Assim a produção cultural, como o artesanato, a língua e as manifestações cênicas são os signos que congregam os aldeiados, que os remete aos significados de suas origens e proporcionam à possibilidade de construção de projetos de resistência coletiva a subjugação e da imposição assimilativa de uma identidade exógena.
“Na construção da identidade cultural (nacional), cristaliza-se a capacidade de um povo de determinar seu próprio destino, seu porvir individual, de classe ou nação. Nisso consiste a identidade. A identidade de um sujeito individual ou coletivo é o compasso, a bússola que o orienta através da história. É por isso que qualquer projeto de dominação utiliza-se do controle psicológico do submetido. A destruição da identidade é o primeiro passo em qualquer tentativa de dominação: a colonização da personalidade.” (FERREIRA, 2008 P. 59)
(5) FERREIRA, Maria Nazareth. Globalização e identidade cultural na América Latina. 2. ed. São Paulo: Centro de Estudos Latino-americano sobre Cultura e Comunicação, 2008
Foto 1: Cacique Jasone de Camilo. Ekeruá, abril de 2009